Polícia indicia juiz aposentado e garota de programa por atropelar e matar ciclista em Araçatuba
Polícia indicia juiz e garota de programa por atropelar e matar ciclista em Araçatuba A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o juiz aposentado e a ...

Polícia indicia juiz e garota de programa por atropelar e matar ciclista em Araçatuba A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o juiz aposentado e a garota de programa, que estava com ele na caminhonete, por atropelar e matar a ciclista Thais Bonatti, no dia 24 de julho, em Araçatuba. Conforme apurado pela TV TEM, os dois foram indiciados por homicídio culposo e embriaguez ao volante. As investigações foram conduzidas pelo delegado Guilherme Melchior. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Em nota, a advogada de defesa da garota de programa informou que aguarda o encaminhamento do inquérito policial ao Ministério Público para possível instauração de uma ação judicial. Se isso acontecer, pretende entrar com recurso para provar a inocência de sua cliente. A reportagem tenta contato com a defesa do juiz. A vítima, de 30 anos, ia para o trabalho quando foi atropelada na rotatória da Avenida Waldemar Alves pelo juiz Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos. Segundo a polícia, Fernando estava sob efeito de álcool e com uma garota de programa no colo, quando atingiu a jovem. Ele foi preso em flagrante, mas solto no dia seguinte após audiência de custódia e pagamento de fiança de R$ 40 mil. O atropelamento ocorreu depois que o juiz aposentado saiu de uma boate, com a garota de programa, onde consumiu bebida alcoólica. Em depoimento à polícia, ele disse que havia tomado duas cervejas. Em nota, a família da vítima esclareceu que confia na atuação do Ministério Público e acredita que será oferecida a denúncia com o agravante de dolo eventual. Thais Bonatti estava indo para o trabalho de bicicleta, quando foi atingida pelo carro na contramão. Reprodução Testemunhas do caso A Polícia Civil de Araçatuba ouviu, no dia 13 de agosto, novas testemunhas do atropelamento. Duas pessoas que trabalham em um supermercado próximo ao local da ocorrência prestaram depoimento. Uma delas confirmou à polícia que a garota de programa estava com as mãos no volante quando a ciclista foi atingida pela caminhonete de Fernando. A outra testemunha informou que a mulher estava nua, e o juiz aposentado estava com a braguilha da calça aberta e com cinto solto. Um motorista de aplicativo, um Policial Militar que atendeu a ocorrência e o dono da boate também foram ouvidos durante as investigações. Fernando e a garota de programa participaram da reconstituição do atropelamento no dia 6 de agosto. Juiz é flagrado conversando com um homem antes de assumir a direção em Araçatuba (SP) Reprodução / Câmera de Segurança Versão da garota de programa Conforme consta no inquérito policial, a garota de programa disse que, quando saíram da boate, foi até a caminhonete com Fernando Rodrigues Junior. Ao notar que ele estava alterado, propôs assumir a direção, mas foi impedida pelo juiz. No momento em que ela tentou trocar de lugar com ele, o juiz atropelou a ciclista. Em seguida, ambos desceram da caminhonete. Juiz assume que bebeu Em depoimento, Fernando alegou que bebeu duas cervejas antes de assumir a direção da caminhonete. No Brasil, a Lei Seca, regulamentada pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é de tolerância zero e estabelece penalidades para motoristas que dirigem sob a influência de álcool ou outras substâncias psicoativas, como detenção, multa e suspensão da CNH. Inicialmente, a ocorrência foi registrada como lesão corporal culposa e, com a morte de Thaís, passou a ser investigada como homicídio culposo - sem intenção de matar - na direção do veículo automotor. Depois de ter a liberdade concedida pela Justiça, o juiz teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa. Ele também ficou proibido de sair da cidade sem aviso e autorização prévios. Além disso, não pode frequentar casas noturnas. Thaís Bonatti (à esquerda) e juiz aposentado, Fernando Augusto Rodrigues Junior (à direita); envolvidos em caso de atropelamento em Araçatuba (SP) Arquivo pessoal Morte da ciclista Thais morreu após ficar dois dias internada em estado grave na Santa Casa de Araçatuba. O corpo foi sepultado na tarde de 26 de julho. A família da ciclista pede justiça. A ciclista não resistiu aos graves ferimentos após passar por duas cirurgias. Conforme os familiares, Thais era auxiliar de cozinha e trabalhava em mais de um emprego para contribuir com as despesas de casa e também para realizar seus próprios sonhos. Imagens de câmeras de segurança obtidas pela TV TEM mostram que o juiz cometeu imprudências antes de atropelar Thaís. Em uma delas, Fernando quase atinge um ciclista ao sair da boate. Em outro vídeo, é possível ver que a caminhonete entra na contramão e, depois, para por alguns segundos. Testemunhas afirmam que naquele momento a mulher sentou no colo do juiz. Depois, o veículo atropelou Thaís. Imagens ainda mostram a caminhonete acelerando e passando por cima da bicicleta. A perícia apontou que não havia sinais de frenagem, ou seja, de acordo com o laudo, o juiz não tentou frear antes da batida. Assista ao vídeo acima. O que disse a defesa do juiz À época do atropelamento, a defesa do juiz enviou uma nota à TV TEM. Conforme constava, Fernando Rodrigues Junior lamentou a morte da ciclista e informou que oferece apoio à família. Leia abaixo a íntegra da manifestação: "A família de Dr. Fernando manifesta profundo pesar e solidariedade à família da vítima, reafirmando o respeito absoluto à dor e ao luto. Desde o ocorrido, está oferecendo apoio à família da vítima. Em razão do sigilo decretado no inquérito, ele está legalmente impedido de conceder entrevistas ou se manifestar publicamente. A defesa reforça que esse silêncio é um dever jurídico, mas também um gesto de respeito." Polícia faz reconstituição do atropelamento que matou ciclista em Araçatuba Fernando é advogado inscrito na OAB de São Paulo. É juiz de direito aposentado e, atualmente, está habilitado para atuar como advogado em todo o território nacional, com exceção da comarca de Araçatuba, onde atuava na 1ª Vara Cível. Veja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM