Por dia, 2 mulheres são vítimas de tentativa de feminicídio no estado de São Paulo

Imagem ilustrativa de mulher vítima de violência. Geovana Albuquerque/Agência Brasília Por dia, duas mulheres foram vítimas de tentativa de feminicídio no...

Por dia, 2 mulheres são vítimas de tentativa de feminicídio no estado de São Paulo
Por dia, 2 mulheres são vítimas de tentativa de feminicídio no estado de São Paulo (Foto: Reprodução)

Imagem ilustrativa de mulher vítima de violência. Geovana Albuquerque/Agência Brasília Por dia, duas mulheres foram vítimas de tentativa de feminicídio no estado de São Paulo no primeiro semestre deste ano. O número é quatro vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2023, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. No primeiro semestre de 2023, foram registrados 91 casos de tentativa de feminicídio. No mesmo período, em 2024, foram 289. Neste ano, foram 379 nos primeiros seis meses – um aumento de 316% nos últimos dois anos. Os casos de tentativa de feminicídio são registrados considerando o sexo da vítima. A lei federal considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, e menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. Outros crimes que tiveram as mulheres como alvo também apresentaram alta no período. Números de feminicídio bateram recorde na Grande São Paulo e em todo o estado em 2024 Os casos de lesão corporal dolosa contra a mulher, definidos por violência contra a integridade ou saúde corporal, subiram 18% entre os primeiros semestres dos últimos dois anos. Em 2023, foram 28.117 casos. No ano passado, foram 30.762 registros. Neste ano, 33.317 casos foram registrados. Os feminicídios aumentaram em 16%. Foram registrados 111 casos no primeiro semestre de 2023; 124 em 2024; e 129 neste ano, no mesmo período. Medidas protetivas Considerando o mesmo período de comparação, houve aumento de 22% no número de medidas protetivas concedidas pela Justiça do estado. Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), elas passaram de 43.140 para 57.785, um aumento de 22%, comparando os primeiros semestres de 2023 e 2025. As medidas protetivas são ordens judiciais, previstas nos artigos 22, 23 e 24 da Lei Maria da Penha, que proíbem que o agressor tenha aproximação e contato com a vítima. Além disso, também proporcionam auxílio, acompanhamento e proteção à vítima. Os pedidos são analisados pelo Judiciário em até 48 horas, segundo o TJ-SP. O Conselho Nacional de Justiça aponta que, dos mais de 450 mil pedidos de medidas protetivas feitos em todo o país, cerca de 304 mil foram concedidas, ou seja, 91% do total. Dessas, mais de 33 mil foram prorrogadas para além do prazo inicial estipulado. Entre os estados, São Paulo lidera com o maior número de medidas protetivas concedidas, com mais de 55 mil, seguido por Rio Grande do Sul (27.305), Rio de Janeiro (25.103), Paraná (24.562), Minas Gerais (21.108) e Santa Catarina (16.111), apenas no primeiro semestre deste ano. Conscientização Mayra Cotta, advogada especializada em gênero, explica que esse aumento no número de medidas protetivas concedidas demonstra que "as mulheres estão conhecendo mais os seus direitos". Porém, em sua opinião, nem sempre essas medidas são suficientes para proteger a mulher. "Estamos em uma sociedade na qual a violência contra as mulheres não é um fenômeno que está rescindindo, e sim aumentando", justifica. "Há poucos instrumentos estatais para de fato proteger uma mulher na mira de um homem que está muito determinado a matá-la." Sobre o aumento de casos de violência contra a mulher, Mayra destaca a importância do registro correto e do acolhimento durante a denúncia. "A gente já viveu uma realidade em que ela nem sequer conseguia registrar isso como um crime, era algo visto como uma briga normal entre casais", diz. "Hoje, a gente entende que o lar é um lugar perigoso para as mulheres, registrando mais esses casos e dando o nome correto que eles têm que ter: tentativa de homicídio, ou feminicídio." Sinais A advogada explica que identificar os primeiros sinais é fundamental para que mulheres nessa situação possam sobreviver. "Um feminicídio nunca é a primeira violência que uma mulher sofre", frisa. "É fruto de um processo que escalou. Ele começa com ciúmes, com uma proibição de você ver a sua amiga, implicar com a roupa que você tá usando, com a tentativa de controle e manipulação, em que os limites vão sendo testados aos poucos e você vai se enredando naquela jaula de violência, sem perceber o que está acontecendo." LEIA TAMBÉM: SP registra aumento de feminicídios, estupros e homicídios no 1° semestre; roubos e latrocínios caem Cidade de São Paulo registra 1º semestre com maior número de feminicídios da história