Rodeio movimentou R$ 9 bilhões em 2024; público em Barretos superou Rock in Rio, diz confederação

Veja as atrações da Festa do Peão de Barretos 2025 As festas de peão no Brasil movimentaram em 2024 cerca de R$ 9 bilhões e reuniram 9 milhões de pessoas ...

Veja as atrações da Festa do Peão de Barretos 2025 As festas de peão no Brasil movimentaram em 2024 cerca de R$ 9 bilhões e reuniram 9 milhões de pessoas em mais de mil eventos em todo o país, de acordo com dados da Confederação Nacional de Rodeios (CNAR). A entidade é reconhecida pelo Ministério do Turismo para organização de campeonatos de rodeio profissional. Só a Festa do Peão de Barretos gerou R$ 1,2 bilhão e atraiu 900 mil visitantes em 11 dias. Segundo a confederação, 20 estados brasileiros realizaram pelo menos duas festas de peão em 2024. A maior concentração está nos estados do Sudeste e do Centro-Oeste, sendo que 84% das festas ocorreram em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Juntos, São Paulo e Minas Gerais responderam por 55% do total. “Para o ano de 2025 espera-se um aumento nesses números na casa de 3% de crescimento”, diz José Alexandre Silva Paiva, diretor executivo da CNAR. ✅ Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Economia aquecida Em agosto de 2024, a Festa do Peão de Barretos reforçou sua posição como o maior evento do segmento no Brasil. Com público total de 900 mil pessoas, a festa superou outros grandes festivais nacionais, como Rock in Rio, que recebeu 730 mil pessoas, e o Lollapalooza, com 240 mil. Estrela do country, Cody Johnson cantou para Arena lotada na madrugada deste domingo (25) na Festa do Peão de Barretos 2024 Érico Andrade/g1 LEIA TAMBÉM 👇: Programação: Quem vai tocar na Festa do Peão de Barretos 2025? Soberana: Rainha da Festa de Barretos realiza sonho de criança ao conquistar título Concurso cultural: 'Sinta Barretos!' leva vencedor à Festa do Peão Queima do alho, catira: Conheça cinco costumes do peão de boiadeiro De acordo com o Centro de Inteligência e Turismo (CIET), da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, R$ 395 milhões foram movimentados em receita direta para o turismo na cidade de Barretos. A pesquisa apontou também que os turistas permaneceram, em média, seis dias na região, e participaram de pelo menos quatro dias de festa. Cada visitante gastou, em média, R$ 2,4 mil com despesas relacionadas principalmente a alimentação, transporte e hospedagem. Em termos de emprego, a Associação Os Independentes, organizadora da Festa de Barretos, afirma que cerca de dez mil pessoas foram contratadas para a realização do evento. Público cantam durante show da dupla sertaneja Bruno & Marrone na Festa do Peão de Barretos 2023 Érico Andrade/g1 O professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP), explica que o evento tem a capacidade de movimentar a economia de toda a região. Cidades que ficam em um raio de até 200 quilômetros de Barretos, como Olímpia, São José do Rio Preto, Bebedouro e Ribeirão Preto, sentem o impacto no período de agosto. “Essa preparação envolve tanto pessoas ali diretamente trabalhando, quanto fornecedores de serviços, produtos. Para que tudo fique pronto para o período da festa, tem esse impacto indireto. Já durante a festa tem as pessoas que vão para Barretos e municípios próximos e utilizam os serviços naquele período, o que gera uma renda não apenas ali no Parque do Peão, mas também nesses outros locais”, diz. Ainda de acordo com Nakabashi, o evento resulta em oportunidade de negócio e desenvolvimento, porque vários setores são impactados, inclusive o de hotelaria, o que leva ao aumento da variedade e também melhora da qualidade do serviço. Importância histórica do rodeio no Brasil O pesquisador de cultura popular Walter de Sousa aponta que os números expressivos de público e a movimentação financeira são resultado de uma longa história na cultura brasileira. Everton Natan da Silva, de Viradouro (SP), vence o Rodeio Internacional de Barretos na Festa do Peão 2024 Érico Andrade/g1 Após o período de colonização no Brasil, a ocupação do interior, em especial no interior de São Paulo, teve início uma mistura de raças, do colonizador com os povos que moravam no interior, os indígenas. “Essa população não era reconhecida pelos colonizadores, eles ficavam espalhados pelos territórios, como filhos bastardos que não tinham terra. Eles ocupavam as terras que bem entendiam, plantavam uma cultura de subsistência e tinham pouca sociabilidade, já que estavam muito espalhados pelo território”. Neste período, por força dos jesuítas e do catolicismo, essa população que não tinha uma cultura própria começou a desenvolvê-la a partir da religiosidade. Característica que está presente até hoje nas festas de peão, como a devoção a Nossa Senhora Aparecida e a outros santos. “Esse calendário fixo relacionado ao catolicismo acaba virando motivo de festas no interior. Era o motivo para que esses povos que ficavam bem dispersos se encontrassem e aí se criam uma série de tradições como a queima do alho.” Final Internacional da montaria em touro da Festa do Peão de Barretos 2024 Érico Andrade/g1 O historiador lembra ainda que embora o rodeio atualmente tenha esse referencial norte-americano de entretenimento, o contexto caipira sempre existiu. Os eventos reverenciavam a habilidade de conduzir o cavalo e depois daquele montador que consegue ficar mais tempo em cima do animal. Atualmente, não apenas no estado de São Paulo, mas na maior parte do Brasil, o rodeio virou uma festa tradicional com outras características, como explica o pesquisador. “Com o desenvolvimento do capitalismo, a festa também vira um negócio que eles chamam hoje de economia criativa, é uma oportunidade que foi encontrada nessas tradições do interior. Mas não vamos esquecer que a essência de tudo está ligada à identidade de quem está ao redor dessa tradição. É a partir dessa identidade que é possível essas festas se tornarem negócios.” Leia mais notícias da Festa do Peão de Barretos 2025